sábado, 2 de fevereiro de 2013

Reportagem de Dário Pedrosa


CONHEÇA A DEVOÇÃO A SÃO SEBASTIÃOjan15
SO_SEB1O dia 20 de janeiro é data de forte referência para os devotos de São Sebastião. E aqui no Pará, a mais representativa manifestação em devoção a este santo da igreja católica ocorre no município marajoara de Cachoeira do Arari, onde ele é considerado protetor dos vaqueiros da região.
Sebastião nasceu na França, numa época em que os cristãos eram perseguidos por serem considerados inimigos do estado. Na sua juventude escolheu se alistar para as fileiras do exercito real do Imperador Diocleciano, em Roma. Isso por volta do século III, depois de Cristo.
Sua educação cristã trazia-lhe forte compaixão pelos outros cristãos encarcerados a espera da morte no coliseu, enfrentando leões ou gladiadores para o deleite dos romanos. Porém, suas ações contrárias aos princípios de seu imperador, foram desmascaradas por um dos soldados e mesmo assim, por ser ele um dos oficiais favoritos da guarda real, teve direito a se retratar perante Dioclesiano. Mas, ao invés disso, preferiu reafirmar sua crença e sua fé. Não aceitou renunciar ao cristianismo e por esse motivo foi condenado a morte, sem direito a apelação. Foi dada a ordem para que os soldados o alvejassem com flexadas e o deixasse amarrado a um tronco para sangrar até morrer. Cena que gerou a imagem venerada pelos devotos.
Mas ele ainda não morreu desta vez. Um grupo de mulheres cristãs foi ao local para recolher o corpo e para surpresa o encontraram ainda com vida. Levaram-no e trataram de seus ferimentos. Depois de reestabelecido, Sebastião voltou a pregar o cristianismo abertamente e apresentou-se ao imperador novamente, solicitando a suspensão da perseguição aos cristãos. O que foi negado e desta vez, a ordem do imperador foi para que Sebastião fosse espancado até a morte e seu corpo jogado nos esgotos para que ninguém viesse a venera-lo.
Cerca de 400 anos após sua morte, o Imperador Constantino, conhecido por ter convertido-se ao cristianismo recolheu os restos mortais de Sebastião e guardou-o numa basílica onde encontra-se até hoje. Diz a história que na época Roma estava sendo assolada por uma forte peste, que após a coleta dos restos de Sebastião, pra serem devidamente guardados com respeito, a epidemia acabou. Passando então Sebastião a ser tratado como santo padroeiro contra a peste, a fome e a guerra
Arte: Vagner Maia -  COMUS/Cachoeira
Arte: Vagner Maia – COMUS/Cachoeira
São Sebastião é também o santo padroeiro do Rio de Janeiro e aqui no Pará toma forte proporção com a cultura marajoara unindo-se na devoção ao Santo protetor dos vaqueiros. Com mais de 200 anos de tradição a festividade de São Sebastião de Cachoeira do Arari, somente foi reconhecida pelo ato da então Governadora do Pará, Ana Julia Carepa, que assinou a Lei Estadual nº  7.377, de 06 de Janeiro de 2010, tornando a festividade Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Povo do Pará, abrindo o procedimento para tombamento nacional pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional.
A festa tem inicio sempre no dia 10 de Janeiro, após a imagem do Santo percorrer, desde o primeiro semestre do ano anterior, várias residências de cachoeirenses na capital do estado, Belém, e sedes de instituições governamentais do estado e da união. Além de mais de 150 propriedades rurais da micro região do Arari. Até entrar na cidade de Cachoeira do Arari e ser recepcionado pelos devotos com os mastros que são enterrados na frente da cidade para ali permanecerem durante todo o período da festa.
Toda a parte religiosa da festa é dirigida pela Irmandade do Glorioso São Sebastião. Um grupo de homens e mulheres devidamente preparados para realizarem as ladainhas, e com a responsabilidade de preservar a festividade e todas as manifestações culturais tradicionais que a envolvem.
Dentro da programação de atividades ocorrem várias manifestações. Entre elas as famosas corridas de cavalos que envolvem vaqueiros de várias fazendas e municípios próximos, os arrastões culturais com grupos folclóricos e a famosa Luta Marajoara, que tornou-se conhecida mundialmente pelos irmãos Alcantara de Soure, Yuri e Ildemar Marajó, hoje integrantes do UFC, que tiveram como introdutório a prática desta modalidade de combate corporal típica desta região.
O encerramento da festividade é marcado pela derrubada dos três mastros, dos homens, das mulheres e das crianças, que saem em cortejo pelas ruas da cidade na curiosa “cerimônia da lama”, onde os devotos lambuzam-se com a lama das primeiras chuvas do inverno marajoara. Essa mesma lama seria o sinal do fim do período de estiagem e o inicio do período de fartura, quando o gado engorda e a lavoura melhora.
CLICK NETMilhares de pessoas de várias partes do Brasil e até do mundo devem visitar Cachoeira do Arari, neste final de semana, quando no domingo, 20 de janeiro, ocorrerá o encerramento da festa. É exatamente nesta data que comemora-se o dia de São Sebastião.
A Prefeitura do Município tomou a iniciativa de ornamentar a cidade e organizar os serviços para atenderem a demanda de visitantes e os próprios moradores locais. “Está é a maior festa que ocorre aqui, nesta região. Temos que estar preparados para o seu crescimento, pois neste ano esperamos um número ainda maior de pessoas devido estar ocorrendo num final de semana” diz Benedito Vasconcelos, conhecido como Filhão, Prefeito de Cachoeira do Arari, declarado devoto de São Sebastião.
Entre as atrações culturais previstas para este ano na festa estão os grupos folclóricos, o grupo Sancari, o Arraial do Pavulagem, as aparelhagens Super Pop, Ouro Negro e Tupinambá.

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